28 de out. de 2009

Conclusão


Cada dia, hora, minuto, respiração que se passa, descubro que família não é sangue.

Família é o que você é.

Sempre achei que eu não era uma pessoa ligada à isso por já ter perdido todos.Mas é justamente o contrário.Procuro família em qualquer coisa.Até montando o palco do "Barulinho" (show infantil das Chicas), eu procuro.Lá tem chapéu de cangaço, avião que o Caio fez, e muitas lembranças minhas em brinquedos.

Não dá fugir do que a gente é e herda.

Muito estranho não ter os pilares.Muito estranho identificar dentro o que eu herdei de cada um deles.A teimosia aguda e certeira do meu pai, o dom de cuidar, de querer organizar e bondade ingênua da minha mãe, a impaciência necessariamente paciente da minha avó/mãe Ruth, o consumismo banal pros outros e insegurança imensurável da minha tia/mãe Regina, a paixão inexplicável (mas ainda não praticada por mim) pela medicina do meu avô Aluízio, as piadas absurdas da vó Dina e a dependência hereditária pela música de todas essas pessoas.

Ah!Esqueci do gen da loucura.

Família não é sangue, é o que se é.Tenho todos dentro de mim.E apenas dentro.



27 de out. de 2009

Nascimento (meu sobrenome)

Nascer deve ser estranho.
A gente fica lá, nadando naquela água apetitosa semanas e semanas, escutando uns barulhos estranhos, esprimidinho cada vez mais.Escurinho, quentinho.Aí de repente a água vai embora, o barulho vai aumentando, o espaço que tinha que aumentar, com a ida da água, diminui e o pior de tudo: passar por um buraquinho que ninguém merece!!!!
Ás vezes aliviam e abrem um outro um pouco maior.Mas acha que melhora?NÃO!Você é PUXADO pra fora!!
Aí tudo complica.Vem um frio do cão, um negócio no nariz pra tirar a nossa água, os olhos doem por causa da luz (saudade do escurinho), o peito dói por causa do ar que invade loucamente e tem gente que até dá tapinha no bumbum pra ver se falamos alguma coisa!!!Isso tudo de cabeça pra baixo hein!!!
Depois reclamam que choro de bebê é chato.
Mas de repente vem um quentinho bom, um cheiro conhecido, uma voz familiar, um dejá vu quase.Institivamente vamos atrás do cheiro que tá fazendo a barriga roncar.Cadê?Cadê???Achei!!!!!Comidaaaaa!!!!!!!
Que coisa doida deve ser tomar leite direto da nossa mãe!O melhor é poder beber até desmaiar e ninguém falar mal de você.Te chamar de "bebum".
E dormir o tempo que quiser...colo de mãe.Ai, colo de mãe!
Dá saudade né?

14 de out. de 2009

Sou mãe


Sou mãe.
Já fui menina.
Mas hoje sou mãe.
Já fui perdida.
Mas hoje sou mãe.
Perdi família
Mas hoje faço a minha
Não precisa ser grande mas é minha
Veio de mim.Eu que fiz!
São meus pedaços.
Meus cheiros.
Minhas vozes.
São meus.
Sou mãe.
E cada dia é melhor.
E cada dia é maior.
E cada dia é mais eu.
Sou cada dia mais mãe, menos menina.
Cada dia mais forte.
Cada choro mais mãe.
Mãe de três.
Nunca pensei...
Nunca esperei.Aconteceu.
Sou minha própria mãe

9 de out. de 2009

Anestesia


Anestesia é a palavra do último mês.

Tenho me sentido assim.E quando se está no estado da anestesia, não sabemos o que vamos encontrar quando passar o efeito.Por isso não sei dizer como tenho me sentido.

Sei que tenho uns efeitos colaterais de vez em quando como insônia, ou um sono sem fim, fico bem lesada algumas vezes, de repente vem uma euforia que acorda irritação, mas sem dúvida o que acompanha todos esses é o tal do "oco".

Vezes indolor, vezes me coloca vendo estrelas tamanha a agressão.

O que tá me incomodando é que tô sentindo o efeito passando.Bem d-e-v-a-g-a-r.E nesse momento é que se vê que estar sob o efeito dela, de uma certa forma protege a dor.Ou a falta dela.

Qual das duas é pior?Presença ou ausência?

8 de out. de 2009

Nuvens e seu mundos



Quando eu tinha uns 8 anos mais ou menos juntei duas coisas que mais gostava de fazer: ficar horas deitada vendo nuvens e criar histórias.
Num fim de tarde chato, surgiu no céu uma nova aventura.Eu descobrira o "Mundo das Rosas".
Eu cresci em um apartamento com um quintal grande, e no chão, no meio dele, apareceu uma flor rosa jogada.Cheguei perto dela e olhei pro céu.Ele tava rosa.E havia uma nuvem ENORME bem em cima de mim.Ali nasceu o meu reino.
Eu vivi aquilo intensamente durante muitos anos acreditando que aquele mundo tava lá e que era meu.
Criei guerras entre nuvens cinzas que se aproximavam trazendo "choro" pra perto do meu reino rosado.Aos poucos fui conseguindo aliados.Meus irmãos começaram a trazer os deles pra perto meu.Tinha o "Mundo do Arcoris", o "Mundo das Águas", "Mundo dos Doces" e suas colônias, como o "Mundo das Piscinas", que pertencia ao "Mundo das Águas".
Mas todos seguiam o "Mundo das Rosas".
Lembra da gente tentando voar pra lá.
A gente colocava um tijolo (???) numa ponta do quintal da casa do papai e ia pro outro lado.Aí a gente tinha que correr, pisar no tijolo e pular visualizando que tinha conseguido.E isso tudo tinha um tempo limite, como se fosse uma fenda no tempo que se abre a cada 3000 anos, sabe?(???)

Era divertido.
Volta e meia penso nele.Realmente penso.Nos detalhes de como ele seria.Acho saudável.Como pensar num lugar calmo na meditação.