Cada dia, hora, minuto, respiração que se passa, descubro que família não é sangue.
Família é o que você é.
Sempre achei que eu não era uma pessoa ligada à isso por já ter perdido todos.Mas é justamente o contrário.Procuro família em qualquer coisa.Até montando o palco do "Barulinho" (show infantil das Chicas), eu procuro.Lá tem chapéu de cangaço, avião que o Caio fez, e muitas lembranças minhas em brinquedos.
Não dá fugir do que a gente é e herda.
Muito estranho não ter os pilares.Muito estranho identificar dentro o que eu herdei de cada um deles.A teimosia aguda e certeira do meu pai, o dom de cuidar, de querer organizar e bondade ingênua da minha mãe, a impaciência necessariamente paciente da minha avó/mãe Ruth, o consumismo banal pros outros e insegurança imensurável da minha tia/mãe Regina, a paixão inexplicável (mas ainda não praticada por mim) pela medicina do meu avô Aluízio, as piadas absurdas da vó Dina e a dependência hereditária pela música de todas essas pessoas.
Ah!Esqueci do gen da loucura.
Família não é sangue, é o que se é.Tenho todos dentro de mim.E apenas dentro.